CAMPOS DOS GOYTACAZES EM FOTOS comenta:
Um dos itens que a Secretaria de Indústria, Comércio e Turismo de Campos, incluiu num impresso denominado BELEZAS DE CAMPOS, é a Sociedade Musical Lyra de Apollo fundada em 19/05/1870. A Lyra sofreu um incêndio em 1990 e de lá para cá, os seus componentes sempre lutaram para restaurá-la.
Finalmente, neste ano de 2013, somente com recursos próprios, podemos dizer que tal qual a Fênix que, quando morria, entrava em auto-combustão e, passado algum tempo, renascia das próprias cinzas, a Lyra de Apollo está renascendo... No dia 15 deste mês, estruturas metálicas foram colocadas para receber a laje e o telhado, com design original. Este para mim, é o maior exemplo de preservação de Campos, sendo realizado por pessoas simples e sem dinheiro do poder público.
Conheça mais a Lyra, através do músico e pesquisador Fabiano Artiles.
Finalmente, neste ano de 2013, somente com recursos próprios, podemos dizer que tal qual a Fênix que, quando morria, entrava em auto-combustão e, passado algum tempo, renascia das próprias cinzas, a Lyra de Apollo está renascendo... No dia 15 deste mês, estruturas metálicas foram colocadas para receber a laje e o telhado, com design original. Este para mim, é o maior exemplo de preservação de Campos, sendo realizado por pessoas simples e sem dinheiro do poder público.
Conheça mais a Lyra, através do músico e pesquisador Fabiano Artiles.
SOCIEDADE MUSICAL LYRA DE APOLLO
Por Fabiano Artiles
FUNDAÇÃO:
Sua fundação se deu em 19/05/1870, na Rua da
Constituição (atual Av. Alberto Torres), nº 39 (onde hoje está situado o “Empada
Carioca”). Ao que tudo indica, seus primeiros membros e sócios-fundadores já
faziam parte de outras sociedades musicais da época, porém estas sociedades
eram pequenas, com repertório voltado à música religiosa (boa parte desses
sócios eram membros de Igrejas, como o fundador Manoel Baptista Pereira de
Castro). Contudo, a data de 19/05/1870, é apenas uma mera formalidade. Na
verdade, a banda já existia antes desta data. A Sociedade Musical Lyra de
Apollo surgiu quando esses músicos, membros de outras sociedades musicais, se
juntaram e foram às ruas, tocando música, e fazendo uma espécie de
“alistamento”, convocando os homens que apareciam pela frente, convocando
aqueles que ficaram conhecidos como os “Voluntários da Pátria”, para a Guerra
do Paraguai. Assim nasceu a Lyra de Apollo. A fundação, em 19/05/1870, foi
também uma forma de se comemorar o triunfo brasileiro na Guerra. (A Guerra
terminou em Abril de 1870.) Entre os seus primeiros sócios-fundadores
destacam-se: Manoel Baptista Pereira de Castro, Rodolpho Antonio d'Oliveira,
Lourenço Antonio Soares, Bernardo Bento Alves, Vicente Lusquinhos Junior e
Frederico Leopoldo Itaborahy.
A SEDE:
Depois de mudar de vários endereços pelo centro da cidade (Rua da
Constituição, Rua da Quitanda, Rua Barão do Amazonas...), a Lyra de Apollo
encontrou o seu lugar na Praça São Salvador, ao lado da Igreja Matriz, hoje a
Catedral do Santíssimo Salvador. O
terreno foi comprado em 1909, tendo iniciado a construção do prédio em 1912, e
inaugurado em 1914, com esforço e suor dos próprios membros da sociedade
musical, além de doações da própria população campista, que sempre teve uma
forte ligação com a banda. Um fato curioso: as ferragens que sustentam o prédio
são simplesmente os trilhos que pertenciam a Estação Ferroviária da Leopoldina
e as pedras, para o alicerce, do cais do Rio Paraíba do Sul. Em ambos os casos,
foram levados às escondidas da polícia, sempre pela noite.A Lyra de Apollo só conseguiu pagar a última parcela pelas obras da sede em 1921. Hoje, em 2013, o prédio começa
a ser reconstruído (após um incêndio em Novembro de 1990) graças aos esforços e
uma luta quase que diária do Presidente e Maestro da Banda, o Sr. Ricardo de
Azevedo. No dia 15/09/2013 foram colocadas as ferragens para a cobertura do
prédio.
O presidente e maestro Ricardo de Azevedo e seus companheiros músicos da Lyra de Apollo.
14/09/2013, neste dia, não foi possível a instalação das peças metálicas por detalhes técnicos.
15/09/2013, finalmente as peças metálicas foram colocadas.
(Foto: Fabiano Artiles)
(Foto: Fabiano Artiles)
Detalhe da estrutura metálica já instalada, que irá receber a laje e o telhado com o design original.
Um dos cômodos no andar superior em obras, com paredes restauradas.
O músico e pesquisador Fabiano Artiles.
O blogueiro e historiador João Pimentel, na sacada do Lyra de Apollo.
Sacada da Lyra de Apollo, ao fundo a Praça São Salvador.
A escada original de acesso ao pavimento superior.
O maestro e presidente da Lyra de Apollo, Ricardo "Coração de Leão" Azevedo, com Fabiano Artiles e João Pimentel
FATOS E CURIOSIDADES:
- A Lyra de Apollo tem como
padroeira Nossa Senhora da Glória e suas festas eram realizadas no mês de
Agosto, na Igreja da Boa Morte.
- As cores oficiais da Lyra de
Apollo são vermelho e amarelo (dourado).
- A Sociedade Musical Lyra de Apollo participou diretamente
do movimento abolicionista em Campos dos Goytacazes-RJ, tendo tocado por
inúmeras vezes nas conferências abolicionistas, geralmente realizadas no Teatro
Empírio ou, às vezes, no Teatro São Salvador. Alguns dos sócios e músicos da Lyra
de Apollo faziam parte do grupo de abolicionistas da cidade. A banda tocou nas
comemorações da cidade pela assinatura da Lei Áurea.
- Em 14/06/1875 tocou na chegada de Dom Pedro II e da Família
Imperial em Campos dos Goitacazes-RJ. Nesta data foi lançada a pedra
fundamental da Estação Campos da Estrada de Ferro Carangola.
- Tocou na inauguração do Teatro Trianon, da Usina Santa
Cruz, da Biblioteca Municipal de Campos, do então novo prédio dos Correios, na
Praça São Salvador, da TV Norte Fluminense e na inauguração do Sandu, em Campos
dos Goytacazes-RJ.
- Tocou na visita de Getúlio Vargas a Campos; tocou na
campanha presidencial em 1950, para o presidente Eurico Gaspar Dutra; também
tocou para o presidente Juscelino Kubitschek no Rio de Janeiro e na chegada de
João Goulart, ao Brasil, em 1961, no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de
Janeiro;
- Foi a Banda Oficial do Tiro de Guerra, em 1929.
- Estiveram na Lyra de Apollo, tocando e/ou estudando, os
sambistas Wilson Baptista (tocou triângulo na banda, ainda garoto) e Delcio
Carvalho (estudou música na banda com o maestro Etienne Samary). Dois dos
maiores sambistas de todos os tempos do país.
- Sempre esteve entre os primeiros colocados do Encontro
Estadual de Bandas, onde podemos destacar: o 2º lugar em 1976 (na Quinta da Boa
Vista), o 3º lugar em 1980 (entre 38 bandas), o 1º lugar em 1982 (em Cabo
frio), o 1º lugar em 1996 (em São Fidélis) e o 2º lugar em 1997 (em Rio das
Ostras).
- A grande rival da Lyra de Apollo em Campos foi a
Sociedade Musical Lyra Guarany. Numa rivalidade que se assemelhava muito com as
rivalidades entre times de futebol.
- Principais maestros: Manoel Baptista Pereira de Castro,
Lourenço Antonio Soares, José Ferraz, Joaquim Barbosa Fiúza, Juca Chagas,
Álvaro de Andrade Reis (“Lóquinha”), Etienne Samary e Ricardo de Azevedo.
*Em 2013 está sendo produzido um Documentário sobre a
história da Sociedade Musical Lyra de Apollo, pelo músico e pesquisador Fabiano
Artiles (que também prepara um livro sobre a sociedade musical), pela
pesquisadora e cantora Simone Pedro, pela jornalista Talita Barros (do site
Comum Cultura) e pelo designer Breno Lobato (do site Comum Cultura).
FONTES:
“Recortes da Memória Musical de Campos” de Vicente Marins Rangel Junior; Pesquisa pessoal do músico Fabiano Artiles, com auxílio da pesquisadora Simone Pedro, para a produção do documentário e do livro sobre a história SOCIEDADE MUSICAL LYRA DE APOLLO.
Belo registro. Em breve veremos esse prédio tinindo, e quem sabe algumas aulas de sax :D
ResponderExcluirTorço para que em breve esta minha crônica-protesto não faça mais sentido:Uma lira? Um lírio? Lira de Apolo
ResponderExcluirWalnize Carvalho
Era costume acordar com música.Coloquei o Cd de Chico para tocar: "A Banda".
Sai à rua cantando o refrão:"estava à toa na vida, o meu amor me chamou, pra ver a banda passar...".
Uma cena me deteve.
Parei e me veio à mente a frase: "tirar leite das pedras"...Mas, ali era tirar melodia dos escombros!
Sim. A Lira de Apolo estava em frente ao esqueleto do prédio (que outrora fora a sede) comemorando mais algum ano de existência. De existência ou resistência?...
Pois, em meio aos escombros, poeira, madeiras com cupins, telhado exposto a melodia ecoava no ar.
Os transeuntes foram parando para presenciar o evento.
Eu, sacudida pela emoção, segui em frente...
De longe, ainda dava para ouvir os acordes musicais.
Um delírio?Não. Um lírio naquela manhã: A Lira de Apolo.
Valeu Walnize. Esta crônica abrilhantou a renascimento da Lyra de Apollo.
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