Amigos não poderia deixar de transcrever esta importante matéria postada no blog http://institutohistoriar.blogspot.com.br/. Publicamente peço licença para transcrevê-la.
MANUEL RODRIGUES PEIXOTO
(01/08/1843 - 29/09/1919)
No dia 1° de agosto do ano de 1843 (há 170 anos), nascia o poeta e primeiro Prefeito de Campos, Manuel Rodrigues Peixoto.
Era filho do Tenente-Coronel Germano Rodrigues Peixoto e D. Maria Josefa da Silva Peixoto. Fez os seus estudos primários, iniciados em Campos em 1855 e concluídos no Rio de Janeiro para onde se mudou com a família em 1857. No Rio matriculou-se no célebre Colégio Marinho, no qual concluiu o seu curso de humanidades. Em 1860 foi para São Paulo, em cuja Faculdade de Direito estudou e diplomou-se com o título de bacharel em ciências jurídicas e sociais em 1864. Vindo residir em Campos dos Goytacazes, aqui abriu sua banca de advogado em 1865, tendo por companheiro de escritório o Dr. Tomás Coelho, o mesmo que mais tarde seria o seu adversário político. Um dos primeiros usineiros de Campos, o primeiro Prefeito de Campos, homem de letras dos mais apreciados. Antes de se tornar o industrial, antes de servir à política de sua terra, Rodrigues Peixoto se fez literato. Decorridos meio século de sua fase dedicada à produção literária, em 1924, através de sua obra “Movimento Literário de Campos”, a seu respeito assim se expressa outro valor, Múcio da Paixão: “O Dr. Manuel Rodrigues Peixoto deve ser incluído entre os nossos mais apreciados líricos. As suas poesias trescalam um fino aroma de flores delicadas; refletindo a emotividade do poeta, esses versos trazem um lirismo casto, suave e penetrante; canta o amor, a mulher, as flores, as brisas, os pássaros, numa tríplice efusão de sons, de perfumes e de colorido. Relidos hoje no romance do gabinete esses versos da mocidade, ainda despertam as mesmas emoções; podem não ser modernos porque foram compostos num período em que a nossa poesia estava completamente absorvida pela revolução romântica de 1830 – mas são sinceros porque são espontâneos, são humanos”.
Versos de Rodrigues Peixoto intitulados “Fantasia” :
“Que pejos que tinha! Tentavam-lhe as ondas
As plantas tão alvas humildes beijar;
A tímida virgem fugia, corando,
Medrosa dos lábios impuros do mar.
Às vezes, a água fingia render-se,
Veloz avançando pra linfa azulada,
Se os seixos, acaso, roçavam-lhe a cútis,
Volvia, de pronto, sorrindo eleiada.
Sentado na relva quedei-me a fitá-la,
Mirando donaires que tinha indecisa;
Inveja eu nutria das conchas da praia,
Faziam-me zelos os beijos da brisa!...”
Dedicado na expressão, Rodrigues Peixoto foi poeta de grande inspiração. Mais alguns versos descritivos dão mostra do seu talento. Isso foi nos primeiros tempos. Passada a fase sonhadora da mocidade, deixou-se levar pela realidade. Era adiantado e dinâmico agricultor. Resolveu dedicar-se ao estudo das questões econômicas e agrícolas. Mais do que isso, cogitou sobre a indústria, a política e os assuntos sociais em geral. Com base nas suas observações, e sob o pseudônimo de “Eguesto” publicou vários trabalhos: “A Lavoura em Campos e a Baixa do Açúcar”, em 1874; “A Crise do Açúcar e a Transformação do Trabalho”, em 1885; “Colonização”, em 1886; “Discursos Parlamentares”, em 1888; “Questões Sociais”, em 1903; “Programa de Administração”, em 1904. Rodrigues Peixoto era notável conferencista. Da tribuna, entre outros assuntos, teve oportunidade de abordar os seguintes: “O Alcoolismo e seus Efeitos Sociais”, “O Álcool e suas Aplicações Industriais”, “A Tuberculose”, “O Crédito Agrícola”, “Campos”, “A Indústria Açucareira e o Porto de São João da Barra”, “A Crise do Café”, etc. Como homem de imprensa, colaborou com o “Monitor Campista”, o “Diário do Rio de Janeiro”, com a “Luta”, com o “Futuro”, órgão do Partido Liberal. Em 1866 fez uma viagem pela Europa, visitando Portugal, França, Espanha, Itália, Inglaterra, Suíça, Turquia e Principados do Danubio. De volta ao Brasil em 1868, casou-se com D. Maria Isabel de Miranda Manhães, filha do Dr. Joaquim Manhães Barreto e Srª Antonia Gregório de Miranda Manhães e neta dos Barões de Abadia. De 1868 a 1881, esteve entregue à agricultura e à indústria. Em 1874, de sociedade com o Dr. Francisco Portela construiu a Estrada de Ferro Carangola. Em 1881 fundou o Engenho Central do Cupim, estabelecimento que foi modelo e escola para quantos desejaram exercer modernamente a indústria do açúcar. Seduzido pela política, colocou-se à frente dos liberais, já que suas tendências eram democráticas; Neste ano de 1881 foi eleito deputado geral, enfrentando como adversário o Dr. Tomás Coelho. No Parlamento, onde se conservou até o ano de 1884, proferiu memoráveis discursos. Não obstante ser fazendeiro e se servisse do elemento servil, votou o projeto Dantas que propunha a Abolição. Em 1887, o Dr. Rodrigues Peixoto, foi eleito deputado pela oposição. No ano seguinte foi aos países do Prata. De volta ao Brasil ocupou na Câmara lugar destacado, fazendo oposição ao gabinete João Alfredo. Sabe-se que a sua atuação foi objetiva, discutindo os assuntos importantes da época e interpelando constantemente o Governo. Passou nada menos de 15 anos no regime republicano, que fora o sonho de sua mocidade, observando os fatos que se desenrolavam no País. Em 1904, Nilo Peçanha, então Presidente do Estado do Rio de Janeiro (hoje Governador do Estado), o convidou para exercer o cargo de Prefeito do Município de Campos dos Goytacazes. Manuel Rodrigues Peixoto exerceu a função inaugural do regime prefeitural da terra goitacá. Como Prefeito de Campos, o Dr. Rodrigues Peixoto prestou excelentes serviços à comunidade e a prova se pode constatar na Mensagem enviada ao Conselho de Vereadores. Deixando a Prefeitura, foi eleito deputado federal pelo Estado do Rio de Janeiro. A seguir, no Ministério da Agricultura foi um dos seus diretores. Em 1912, atendendo ao pedido do ministro Pedro de Toledo visitou os Estados do Rio, Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, realizando estudos junto aos núcleos coloniais mantidos pelo governo federal. Seus relatórios, que constituem trabalhos de alto valor pela rara competência quando elaborados, foram publicados pelo Ministério da Agricultura. E para dizer algo mais sobre o Dr. Manuel Rodrigues Peixoto, vejamos o que disse Múcio da Paixão: “Não foi somente na esfera da atividade industrial, parlamentar e administrativa que se exercitou o febril espírito do Dr. Rodrigues Peixoto; já à magistratura prestou ele muitos e desinteressados serviços. Foi suplente de Juiz Municipal do termo de Campos, tendo estado em exercício desde 1869 até 1873, havendo nesse tempo iniciado a Reforma Judiciária; serviu como promotor interino na Comarca de Campos; foi substituto do Juiz de Órfãos e de Direito de Campos. O Dr. Manuel Rodrigues Peixoto faleceu no dia 29 de setembro de 1919.
Texto: Hélvio Gomes Cordeiro.
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