Segundo o dicionário patrimônio quer dizer conjunto de bens culturais ou naturais que importa conservar. Repetindo, que importa conservar. Grifando, que importa conservar. Questionando, que importa conservar? Como? Quando? De que forma?
O grifo, a indagação é do Liceu de Humanidades de Campos, do Asilo do Carmo, da Lira de Apolo e de tantos outros prédios que gritam, imploram pela sua vida, porque estão doentes, morrendo aos poucos, lentamente... E nada é feito... E o tempo passa... E a morte é certa.
Há anos fiquei estarrecida com as ruínas do Asilo Nossa Senhora do Carmo e emprestei a minha voz a ele, fazendo uma súplica, através de um poema.
O grifo, a indagação é do Liceu de Humanidades de Campos, do Asilo do Carmo, da Lira de Apolo e de tantos outros prédios que gritam, imploram pela sua vida, porque estão doentes, morrendo aos poucos, lentamente... E nada é feito... E o tempo passa... E a morte é certa.
Há anos fiquei estarrecida com as ruínas do Asilo Nossa Senhora do Carmo e emprestei a minha voz a ele, fazendo uma súplica, através de um poema.
SÚPLICA
Já não suporto as dores
dos meus pedaços tirados!
Já não agüento o descaso
com o meu corpo tão cansado!
Sou um prédio com esteios,
interditado, tombado...
Tenho a vida ameaçada!
Eu não quero ter escoras.
Eu quero viver de pé,
seguindo com a minha história,
não de saudade das glórias,
de um tempo que já se foi.
Sou, historicamente,
mais um casarão “tombado”...
Por que tornaram-me assim,
se não há conservação,
se ninguém cuida de mim?
Para que ter minha guarda
se negam-me proteção?
Já não suporto as dores
dos meus pedaços tirados!
Já não agüento o descaso
com o meu corpo tão cansado!
Sou um prédio com esteios,
interditado, tombado...
Tenho a vida ameaçada!
Eu não quero ter escoras.
Eu quero viver de pé,
seguindo com a minha história,
não de saudade das glórias,
de um tempo que já se foi.
Sou, historicamente,
mais um casarão “tombado”...
Por que tornaram-me assim,
se não há conservação,
se ninguém cuida de mim?
Para que ter minha guarda
se negam-me proteção?
O meu grito é sufocado
com o silêncio das paredes.
Quero viver atuante,
continuando a abrigar
vidas que como eu
tem histórias pra contar!
Sou o Asilo do Carmo,
que suplica, chora e grita:
Sou um patrimônio de Campos,
de Campos dos Goytacazes!
Heloisa Crespo
Quero viver atuante,
continuando a abrigar
vidas que como eu
tem histórias pra contar!
Sou o Asilo do Carmo,
que suplica, chora e grita:
Sou um patrimônio de Campos,
de Campos dos Goytacazes!
Heloisa Crespo
(*) Versos inspirados na foto do Asilo do Carmo, no jornal Monitor Campista, de 17/09/2003.
Asilo Nossa Senhora do Camo
Campos dos Goytacazes - RJ
(20/03/2011)
Há oito anos o Asilo do Carmo clamou, reclamou, protestou, chamou aos gritos os responsáveis pelo seu estado precário, através dos meus versos. O que foi feito? Mais escoras foram colocadas! Mas ele diz, quase aos berros, que não quer ter escoras. Ele quer viver de pé. E assim é o Liceu, a Lira e outros e mais outros...
Nomeie os outros quem puder!
Heloisa Crespo
17/08/2011
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